Pai, sei que me concedestes para esta vida o que tinhas de melhor, visando o meu bem e o meu adiantamento espiritual...
No entanto,
como me é difícil, às vezes, compreender isso; como me custa carregar a cruz
que puseste em meus ombros, confiando em minhas forças e em minha fé!...
Diante da
provação, demoro a perceber os benefícios da dor ao meu espírito imortal e
então vacilo e me enfraqueço, perante meus maiores inimigos que são a mágoa e a
falta de resignação...
Sei que
preciso aprender que o corpo material que hoje me tortura e me impõe
impedimentos de toda ordem é porta de redenção aos débitos contraídos no
passado, quando de posse de saúde perfeita e privilegiada compleição física;
que o lar onde colho sofrimentos e lágrimas é o campo sagrado que devo cultivar
hoje, para que me seja o formoso jardim do amanhã; que na rua onde me
sobressalto e me escandalizo estão minhas fugas e meus delitos de ontem, a me
pedir, por isto mesmo maior misericórdia e compreensão; que o vizinho
inoportuno, o amigo inconveniente; o trabalho repetitivo; o chefe rude e o
colega insensato são os mestres que colocaste em meu caminho para que eu
aprenda distinguir com mais clareza a necessidade da clemência, o imperativo da
tolerância e a virtude inequívoca da paciência...
Por isso
rogo, Senhor, concede-me o desprendimento necessário para assimilar mais esta
lição, e boa vontade o bastante para aplicá-la, doravante, em meu dia-a-dia.
Ampara-me, Pai Amado, e guarda-me de complicar meu caminho abrigando no coração
a mágoa, o desalento, o desespero, o medo e o rancor, para que minha alma
prossiga sempre em frente, em radiante espontaneidade, rumo à glória infinita
de Teu Amor!
Assim seja!
André Luiz